Foto: Cíntia Araújo/N1
A Polícia Civil de Minas Gerais e a Ministério Público Eleitoral investigam a fake news referente à falsa pesquisa eleitoral divulgada ontem (2), que mostrava a chapa Zé Mota (Avante) e Alex do Esporte (União), à frente na preferência do eleitor cocaiense. Os dados constam em consulta pública no PJe a partir do nome do candidato, no Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (clique aqui). Conforme consta no Ministério Público Eleitoral em documento assinado pelo delegado Daniel Mansur, a referida pesquisa foi amplamente divulgada em diversos grupos de Whatsapp da cidade, como por exemplo "Acorda Barão", "Fatos de Barão" e dedicados especificamente a candidatura de Zé Mota, intitulados "Zé Mota e Alex do Esporte" e "Time do Zé Mota e Alex". Ainda no documento, pelas imagens recebidas pela Polícia Civil, há indícios (pelos horários das postagens) que a falsa pesquisa primeiro foi divulgada nos grupos de apoio ao candidato Zé Mota e Alex do Esporte. As imagens comprovam origem da mensagem com a imagem da falsa pesquisa no grupo "Zé Mota e Alex do Esporte" às 14h20 e no grupo "Time de Zé Mota e Alex" às 14h21.
Ainda conforme documento da PCMG, a informação foi disseminada nos demais grupos de Whatsapp às 14h28, 16h54. É apontado pela autoridade policial que "o que causou estranheza foi que a suposta pesquisa não possuía nenhum dado exigido para divulgações de pesquisas determinadas na Resolução 23.600, de 12 dezembro de 2019. Diante da suspeita da falsidade e certo de, uma pesquisa, para ser divulgada, deve ser registrada na Justiça Eleitoral e, sem esse registro, é uma pesquisa falsa, a autoridade que lhe subscreve fez breve consulta no site de consulta do TSE". Na consulta feita pelo delegado consta somente a pesquisa Nexxus Mais Ltda, que, como já divulgada pelo N1, mostra Geraldo Abade (PSD) e Bruce de Armando (PSDB) à frente. Tal pesquisa tem registro no Tribunal Superior Eleitoral.
O delegado cita ainda que "a pesquisa divulgada é falsa, uma vez que a suposta empresa indicada na imagem (Instituto PHD) não é a mesma da pesquisa registrada na Justiça Eleitoral (NEXXUS MAIS). Além disso, após grande repercussão do caso, o próprio Instituto PHD emitiu uma nota desmentindo a publicação". A Polícia Civil afirma que, em pesquisas nos sistemas policiais identificou-se que o proprietário do número de telefone responsável pela divulgação da pesquisa falsa na imagem que consta no print da investigação é de Douglas Wacshington, servidor comissionado da gestão de Décio dos Santos (PSB). O delegado esclarece que Douglas é suspeito, inclusive, em Inquérito Policial PCNet de nº 16343223, que investiga suposta coação no curso do processo eleitoral decorrente de ameaças feitas a funcionários comissionados da Prefeitura, para que apoiassem o candidato Zé Mota, sob pena de perderem os seus cargos.
No processo, o delegado Daniel Mansur é ainda mais enfático, ressaltando que "ainda há indícios de que Douglas tinha ciência da falsidade da pesquisa, uma vez que a encaminhou mesmo depois que o instituto de pesquisas PHD já havia emitido nota esclarecendo os fatos e, inclusive, tal esclarecimento já tinha sido publicado no grupo por um outro usuário, minutos antes do envio da mensagem por Douglas Wacshington. Além disso, como se demonstrou no bojo do IP PCNet de nº 16343223, Douglas tem participação ativa na campanha de Zé Mota e Alex do Esporte, o que corrobora com a suspeita de que ele tinha ciência de que seu candidato não havia registrado nenhuma pesquisa de opinião, sendo aquela pesquisa Fake News com o objetivo de (mais uma vez) tumultuar o pleito eleitoral da cidade de Barão de Cocais". É alertado ainda que "a divulgação de pesquisa fraudulenta constitui crime, punível com detenção de seis meses a um ano e multa no valor de cinqüenta mil a cem mil UFIR".
A PCMG informou ainda que será necessário dar continuidade nas investigações, a fim de que se identifique não só o responsável pela criação da pesquisa falsa, mas também todos os outros usuários responsáveis pela disseminação na fraude. O documento foi junto aos autos do processo pelo promotor Daniel Polignano Godoy.