O que seria uma viagem em famĂlia para Maceió (AL), virou um pesadelo e caso de polĂcia para uma famĂlia em João Monlevade. A reportagem do N1 foi procurada pela auxiliar administrativo Ana Cristina de AraĂșjo Alves nesta semana. Ela e mais sete pessoas, sendo duas crianças, adquiriram pacotes de viagem com a empresa Alfa AgĂȘncia de Turismo, que fica à avenida Wilson Alvarenga, 1864, no centro da cidade.
Conforme registro feito na PolĂcia Civil, a empresa pertence a Ketuli Fernandes de Oliveira. Ainda na ocorrĂȘncia, Ana Cristina informou que adquiriu o pacote para ela, o marido e a filha pelo valor de R$2989,27 com comprovação do pagamento via PIX em 6 de julho. Outras duas cunhadas de Ana Cristina, também vĂtimas da empresa, adquiriram o pacote para mesma data e local. A soma do prejuĂzo financeiro ultrapassa os R$8 mil. "Semanas antes da viagem cobrĂĄvamos diariamente o código da reserva, o nĂșmero do voo, tudo. Nunca tĂnhamos resposta certa. Era sempre que ia enviar no dia seguinte. Fomos até a agĂȘncia dias antes e estava fechada. Trabalhamos para pagar a viagem à vista. Não foi parcelado. A empresa brincou com o sonho de uma famĂlia", disse Ana.
Ana Cristina expôs o caso nas redes sociais e afirma ter recebido mensagens de pessoas que foram lesadas pela Alfa Turismo. Ela consultou o site Reclame Aqui, importante ferramenta de consulta sobre reputação das empresas e postura no que diz respeito ao atendimento às reclamações dos clientes. A Alfa Turismo registra reclamações, mas nunca respondeu a nenhuma delas.
Empresa
A reportagem entrou em contato com a empresa no dia 20 pelo WhatsApp informado no perfil na rede social, sendo atendida pela proprietĂĄria, mediante foto enviada pro ela mesmo durante a conversa. Questionada sobre a denĂșncia, a primeira resposta era de que as clientes não haviam pago todo o pacote e que o jurĂdico entraria em contato. Logo depois, foi enviada uma imagem com mensagem pronta, sem assinatura da empresa ou da tal equipe jurĂdica, onde é citado que não se pode acusar empresa ou proprietĂĄria, e que "ofensas contra a honra tanto da empresa, quanto da proprietĂĄria e dos colaboradores não devem em hipótese alguma continuar".
Posteriormente, ao ser confrontada de que as clientes reafirmam o pagamento dos valores e que uma delas é prima da repórter que queria ouvir o lado da empresa, o tom mudou. Foi dito que era uma das envolvidas que não arcou com o custo total. Novamente confrontada sobre o motivo de não atender as clientes, Ketuli disse que estava internada e em tratamento, mandado uma foto de visualização Ășnica, mas salva pela reportagem, e que o jurĂdico entraria em contato. Não foi especificado o motivo da internação ou o tratamento. Foi questionado então como a empresa tem uma equipe jurĂdica mas não tem uma equipe que trabalha na ausĂȘncia da proprietĂĄria. A mesma resposta: jurĂdico entraria em contato e que as clientes teriam sido avisadas, o que é negado veementemente por elas.
Pouco depois, a reportagem questionou quem seria o jurĂdico responsĂĄvel para que pudesse entrar em contato e ser citado na matéria. A resposta: "não autorizo nenhuma divulgação de matéria ou exposição a mim ou a empresa". Desde então não houve qualquer manifestação da empresa, que inclusive bloqueou a repórter no WhatsApp. A PolĂcia Civil segue no caso.
Alerta
A reportagem ouviu o advogado Paulo Tavares sobre o caso. Ele destaca que sobre pacotes de viagens, o primeiro passo é sempre pesquisar a reputação da empresa, reclamações não resolvidas e exigir prontamente todos os documentos referente ao contrato. "Muitas agĂȘncias são bloqueadas pelas operadoras e vão migrando. Começam com pacotes aéreos, marĂtimos e rodoviĂĄrios, e a medida que são bloqueados, passam a focar em um especĂfico". Paulo Tavares, que é delegado de polĂcia aposentado, reiterou ainda que é sempre importante registrar o boletim de ocorrĂȘncia para investigação. "Para investigar, a polĂcia tem que ser informada, provocada. É crescente as reclamações quanto a calotes em viagens. Não importa o tamanho do prejuĂzo. O registro tem que ser feito", pontuou ele. Outra ação é buscar o Programa de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon), que em Monlevade funciona no Posto UAI.