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Despedindo-se de Barão, juiz Luís Henrique pontua que cidade deve buscar o progresso, mas não a qualquer custo

Estruturação da rede de apoio à vítima de violência doméstica e repressão ao 'rolezinho' em via pública são pontos de melhorias na cidade, destacou o magistrado

Por Redação/N1 em 19/12/2024 às 15:12:35

Juiz Luís Henrique Guimarães de Oliveira - Foto: Cíntia Araújo/N1

O juiz Luís Henrique Guimarães de Oliveira se prepara para deixar Barão de Cocais após responder pela comarca por cinco anos. O magistrado foi promovido à Igarapé. Ele, que tem em seu histórico de trabalho em Barão de Cocais o período pandêmico, as ações referentes ao risco da barragem e três eleições, conversou com a reportagem do N1 sobre as vivências que o marcaram e pontos em Barão que considera necessários melhorarem.

O magistrado é natural de Sete Lagoas e começou a atuar no judiciário como defensor público do Estado, cargo que ocupou por dois anos. Ele foi ainda delegado da Polícia Civil de Minas Gerais, exercendo a função por dois anos e meio e depois disso tornou-se juiz, sendo sua primeira comarca em Minas Nova e a segunda, Barão de Cocais. "Quando cheguei aqui, o Fórum já funcionava no prédio da Secretaria de Educação. A gestão foi desafiadora e agregadora. Os servidores receptivos, responsáveis. Era o ápice da questão da barragem, inúmeras ações, o que demandou esforços coletivos e também individual, respeitando a individualidade de cada ação e a necessidade de filtrar os documentos e processos apontados", explicou o juiz.

Ainda sobre a barragem, Luís Henrique explicou que foi necessário diligência in loco para melhor entendimento sobre as medidas adotadas pela Vale no que diz respeito à estabilidade e segurança e os impactos diretos nas comunidades conforme zoneamento. "A prioridade foi o atendimento aos idosos e àqueles com alguma dificuldade de locomoção. Algumas ações culminaram em acordos, outras seguem. Foi um trabalho intenso, marcante", pontuou o juiz. E justamente a partir do cenário referente a um possível acordo que um crime violento na cidade marcou o magistrado. O latrocínio, que é o roubo seguido de morte, de um pai na frente de seus filhos, menores. "Três pessoas estavam envolvidas, dois menores e um maior. Ouviram que a vítima recebera uma indenização supostamente da Vale e mataram na frente dos filhos. Não há como ficar imune à crueldade", declarou.

Violência doméstica

Questionado pela reportagem sobre algo que sente como uma necessidade em Barão de Cocais, Luís Henrique aponta uma efetiva rede de apoio a vítima de violência doméstica, mas que atue de forma preventiva, não apenas após o fato. "Em Barão é alto o número de pedidos de medidas protetivas. É preciso entender que quando se chega às polícia Civil e Militar, o ciclo já ocorreu. É preciso trabalhar antes, acolher, capacitar, educar, informar direitos, e isso só é possível com outros atores, como o Poder Público Municipal com as secretarias de Saúde e Assistência Social, conselhos municipais, forças de segurança, Ministério e, também, o Poder Judiciário. A porta de entrada em Barão está sendo as polícias", disse.

Outro ponto que o magistrado chama a atenção é que violência doméstica não se restringe à violência contra a mulher. Ela pode ser praticada também contra crianças e idosos, por exemplo, dentro do ambiente familiar. "É um conceito mais amplo, a discussão é mais ampla. Cabe ao Poder Público, somado aos atores já citados, provocarem o debate, promoverem e estruturarem a rede de apoio e ofertar à população programas e serviços a partir disso", disse.

Outra ação que o magistrado deixa inclusive encaminhada com seu sucessor é relacionada aos crimes de trânsito, no que diz respeito aos infratores que ficam empinando motocicletas nas vias públicas. Ele lembrou além do crime em si, há o risco não só ao infrator, mas aos demais usuários da via, em especial aos pedestres. Além disso, o barulho também provocado não só pela adulteração nos escapamentos de motos, mas por veículos que circulam com volume de som acima do permitido, impacta a saúde de idosos, pessoas com hipersensibilidade auditiva e com Transtorno do Espectro Autista. "Mais uma articulação urgente a se fazer com as polícias Civil e Militar. E ocorrências assim são comuns em Barão. Deixarei essa orientação ao juiz sucessor", informou.

Despedida

Despedindo-se de Barão de Cocais após cinco anos, o juiz Luís Henrique fez questão de pontuar que tem carinho pela cidade e que foi recebido com muito zelo pela comunidade. Ele afirmou que quer que Barão continue progredindo, mas não perca sua identidade e clima de cidade do interior. "Quero voltar, visitar a cidade e região, fazer realmente o turismo regional. Barão de Cocais deve buscar o progresso, mas não a qualquer custo".

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