Foto: Cíntia Araújo/N1
A saúde em Barão de Cocais foi uma das principais pautas da reunião ordinária da Câmara de Vereadores. Em especial pelo embate entre os vereadores Dr. Azenclever (MDB), que faz parte da base do Governo do prefeito Geraldo Abade (PSD) e Glaução do Trecho (Mobiliza), que está em seu segundo mandato e era da base do ex-prefeito Décio dos Santos.
Glaução apresentou o requerimento 01/2025, em que pede que a atual gestão informe sobre cumprimento, cronograma de implantação e número de cidadãos alcançados com relação a leis de 2021, 2022 e 2023. Segundo o vereador, uma lei de 2021, que refere-se à divulgação de listagem de medicamentos disponíveis e com previsão de chegada no âmbito da gestão pública. Importante destacar que, conforme consulta ao site da Prefeitura nesta sexta (14), a relação de medicamentos está com data de fevereiro de 2021, ou seja, a lei não foi cumprida durante o segundo mandato do governo Décio dos Santos e nem durante o primeiro mandato do autor do requerimento. A outra lei refere-se à instituição do casamento civil comunitário anualmente, no mês de abril. Essa, o vereador justificou que não pôde ser realizado ano passado por se tratar de ano eleitoral. As outras leis dispõem sobre prioridade de atendimento aos portadores de diabetes e a divulgação da listagem de pacientes que aguardam consultas, exames e cirurgias, segundo ele, para evitar beneficiamentos.
Dr. Azenclever rebateu imediatamente. "Adorei essas palavras, palavras muito comoventes (...). Mas o que me chama atenção é que tem lei ali de 2021, 2022 e 2023 e que no mandato passado não teve essa obrigatoriedade e nem essa alta estiva em querer dar ao prefeito tempo, que dia vai fazer, o que vai fazer", disse. O médico e vereador questionou o motivo de não ter cumprido as leis na gestão anterior. "Nós estamos pegando a casa toda desorganizada, a saúde toda mutilada, então eu voto contra. Nós precisamos dar tempo para o governo trabalhar. Se não fez em oito anos, por que agora vai fazer em 45 dias?", questionou Azenclever, se referindo aos dois mandatos de Décio. Ele foi aplaudido pelo público que acompanhava presencialmente a reunião.
Glaução respondeu Azenclever. Ele defendeu que era um pedido simples de informações, além de um comunicado ao prefeito sobre a lei. Dirigindo-se a Azenclever, ele disse: "Para seu conhecimento, essa lei do medicamento está funcionando, pode ir lá no site (da Prefeitura)". Contudo, como já informado pela reportagem do N1, a listagem está desatualizada desde o início de 2021, com informação de que alguns medicamentos chegariam após licitação do Governo do Estado marcada para 2022. Ainda dirigindo-se a Azenclever, Gláucio disse que cumpria seu papel de vereador. "A partir do momento que tem a lei, cumpra-se (...). A gente está aqui para fiscalizar, para que não aconteça igual a gente já escutou muito aqui nessa casa, de projetos engavetados". Por fim, Glaução declarou que o mandato 2021-2024 se encerrou e que as leis criadas anteriormente, permanecem e novamente, citou a listagem de medicamentos como cumprimento de lei, mas que está desatualizada há quase quatro anos.
Novamente, Azenclever rebateu. "Que sistema é esse que está funcionando? O sistema que matou um monte de pessoas". Ainda em sua fala, o vereador rebateu a fala de Gláucio sobre tempo de mandato. "Ah, agora é 2025/2028. Assumimos agora e está tudo embananado por causa de 2024, 2023, 2022". Ao final da sua fala ele foi enfático: "Nós sabemos que o nosso grande colega gosta muito da publicidade e gosta muito do devaneio de apertar, de ameaçar. E não é por aí que se faz política não. Política pública de saúde tem que fazer com responsabilidade, e isso eu sei fazer muito melhor que você". Gláucio respondeu. "Esse vereador foi diretor da UPA em 2021 e fez parte da gestão passada. Não sei porquê está tão revoltado com a gestão anterior". Ao final do embate, o requerimento foi aprovado por sete votos a três. Foram favoráveis, além do autor, os vereadores Paulinho da ONG (Republicanos), Graziele Bomfim (PL), Adriano Santos (PSB), Sérgio Pena (Avante), Digó (União) e Mário César (Avante). Foram contrários Azenclever, Rosilene Costa (MDB) e Jader Zé Gotinha (PSDB).