Alda Fernandes, prefeito Dr. Laércio (PT) e líder do Governo, Belmar Diniz (PT) - Foto: ArquivoN1
A nomeação feita pelo prefeito de João Monlevade, Dr. Laércio (PT), da pedagoga Alda Fernandes como secretária de Educação em João Monlevade, em substituição ao secretário interino Fabrício Brandão, gerou debate, críticas vorazes ao governo e ao prefeito, além de cobranças políticas. E o tom mais pesado foi justamente do líder de Governo, Belmar Diniz (PT). Em sua fala inicial ele afirmou que Fabrício havia sido uma indicação dele. Palavras como "besta e "desrespeito" foram usadas para debater o assunto. Em dado momento foi necessário a intervenção de Fernando Linhares (Podemos), presidente da Câmara, na ponderação dos discursos.
Fabrício Brandão é um nome forte, não só na Educação, mas também na esfera política. Contudo, após negativa de Belmar em assumir a pasta, tratativa que vinha desde o final de 2024 , Alda Fernandes retornou para a Educação. A nomeação, apesar de ser prerrogativa do prefeito e não precisar passar pela Câmara, não foi bem recebida pela maioria dos vereadores. Belmar cobrou não ter sido informado anteriormente. "Qual a consideração de quatro anos e alguns meses que o prefeito Laércio Ribeiro e o Partidos dos Trabalhadores tiveram comigo? (...) Estou me sentindo um líder descartado pelo prefeito Laércio". Ele afirmou que esperava uma satisfação ou comunicado por parte do chefe do Executivo. Belmar ainda afirmou que a mudança é para atender "mimos" e que se sentia um "bobo, um besta". Ele também questionou o que será feito com relação à equipe já formada.
Maria do Sagrado (PT), que foi secretária de Educação e foi substituída por Alda Fernandes, defendeu a nomeação da profissional. "Uma mulher bem colocada na sociedade, no sentido de uma educadora, com três mandatos como gestora da escola Promorar, coordenadora pedagógica e professora. Conhecida e bem aceita na comunidade escolar, desejo a ela que tenha força. Tanto Alda quanto Fabrício são educadores que merecem o nosso respeito", pontuou.
Discursos
Os vereadores Marquinho Dornelas (Republicanos), Revetrie Teixeira (MDB), José Cassimiro (Sassá Misericórdia – Cidadania), Bruno Cabeção, Zuza do Socorro e Alysson Enfermeiro (os três do Avante), Carlos Bicalho (PP), Leles Pontes (Republicanos) e Vanderlei Miranda (Podemos) defenderam Fabrício Brandão e apoiaram Belmar. Eles reconheceram o trabalho feito por Fabrício, em especial quando foi diretor da Escola Municipal Cônego José Higino de Freitas. Vanderlei ainda defendeu a nomeação de Gustavo Prandini (PCdoB), ex-prefeito e ex-vereador a alguma função na Prefeitura. "Outra sacanagem que o governo está fazendo. As informações que nós temos é que o partido (PT) não está deixando nomear ele, e ele contribuiu, foi o terceiro mais votado, o partido dele comanda a federação a nível Brasil. Talvez se tornando público, talvez Laércio o nomeia a algum cargo. Outros partidos foram beneficados, até alguns derrotados, e estão lá", disse.
Sinval Dias e Dr. Sidney (ambos do PL), não só criticaram a troca como convidaram Belmar a se filiar no Partido Liberal. Nem mesmo a eleição da Mesa Diretora deixou de ser mencionada, tendo os apoiadores e aqueles que compuseram a chapa derrotada, chamado o líder do governo para ir para a chapa 2, apoiada por opositores. Vendo o rumo dos discursos, Fernando Linhares interviu. Ele disse respeitar e apoiar o posicionamento de Belmar enquanto líder, mas cobrou respeito e responsabilidade dos vereadores com relação as falas. "Falo por mim e pela base que ajudou a eleger o prefeito. Não estamos aqui fazendo motim. Isso aqui não é palanque político para falar isso ou aquilo do prefeito não. O prefeito é um homem espetacular, um excelente gestor e um homem de caráter, conduta ilibada, honesto e competente. Estamos falando de uma decisão equivocada que ele tomou em nomear uma nova secretária, que diga-se de passagem também é competente. Mas Fabrício merecia uma chance de ter um tempo para colocar em práticas suas ideias", opinou.
Continuando seu discurso, Linhares pediu aos vereadores que parassem com "discursos tentando direcionar como se um ou outro fosse melhor. Vamos parar com isso, e vamos respeitar inclusive a Mesa Diretora que foi eleita", lembrou ele. Belmar inclusive faz parte da Mesa como 2º secretário. "Vamos parar de fazer política falando que se a chapa 2 tivesse ganho, isso não aconteceria. Vamos parar de fazer política porque a prerrogativa de nomear secretário é dele (prefeito). Desejo a Alda todo sucesso, mas o fardo é pesado. Vai ter muita cobrança nela e no prefeito. Não vamos fazer disso aqui um palanque político. Perdemos uma reunião inteira para falar de nomeação de secretaria".
Histórico
O líder do Governo era quem assumiria a secretaria de Educação. A informação já havia sido passada à imprensa pelo prefeito no final de 2024. A ação era vista como estratégica, já que assim, seria possível o ex-vereador Gentil Bicalho (PT) retornar à Câmara, a partir da nomeação do ex-prefeito e ex-vereador Gustavo Prandini a alguma secretaria. Contudo, a demora de Belmar em tomar uma decisão geravam cada vez mais especulações e desgastes ao Governo. Antes da primeira reunião ordinária da Câmara, Belmar Diniz reafirmou perante os vereadores, o prefeito e a vice-prefeita que assumiria a pasta, mas que precisava primeiro resolver pendências na Câmara, e enquanto vereador, era o líder do Governo. Dias depois, ele informou que permaneceria no Legislativo.