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Homem baleado em Barão: família contesta versão de militar e pede Justiça

Cleyton Pio está internado em Itabira, após passar por cirurgia. Polícia Civil investiga o caso

Por Redação/N1 em 02/04/2024 às 14:30:07

Foto: Cíntia Araújo/N1

A família de Cleyton Alberto dos Reis Pio, de 25 anos, contestou a versão da Polícia Militar no caso que envolveu o rapaz, que levou um tiro de um militar de 34 anos, durante uma festa em Barão de Cocais. O crime ocorreu no final de semana. A reportagem conversou com a irmã da vítima, Queila Cristina dos Reis Pio, que, amparada por advogados, afirmou que seu irmão não ameaçou o policial em nenhum momento e que espera firmemente que o caso seja investigado com o rigor da lei. Ela ainda destaca que ele trabalha atualmente como sinaleiro e tem uma filha de cinco anos. "A versão deles é de transformar a vítima em culpada. Meu irmão é a vítima nesse caso. E vamos lutar por Justiça até o fim", pontuou ela.

A reportagem questionou qual era a versão da família sobre o histórico da ação, desde a chegada de Cleyton ao local. Segundo Queila, a família reside próximo ao local do evento. Ela conta que o irmão já estava lá, e foi em casa para trocar os chinelos por sapatos. Ao voltar, em uma motocicleta, ele fez a manobra conhecida como 'cavalinho de pau', para estacionar. Nesse momento, segundo Queila, o militar chegou até ele e, empurrando-o, mandou ele embora. Queila ainda destacou que testemunhas viram o militar dando um tiro para o alto. Cleyton deu a volta no quarteirão e parou a moto em frente à festa e entrou. Queila relata que testemunhas viram o policial ir em direção a Cleyton e empurrá-lo, mandando que fosse embora. Uma testemunha disse que viu a discussão e que Cleyton empurrou o PM de volta. Nesse momento, segundo testemunhas, o militar empurrou Cleyton pela segunda vez e atirou. A família conta que o tirou perfurou a mão da vítima e atingiu a barriga. Cleyton caiu ferido, mas consciente. "Foi quando foram na minha casa avisar sobre o que aconteceu. Fui para lá na mesma hora e questionei o policial sobre o motivo do tiro. Ele abriu os braços e disse que atirou sim e que se precisasse, atirava de novo", relatou Queila à reportagem.

Ela disse que o resgate foi acionado e nesse meio tempo, dois policiais militares chegaram ao local. Eles colocaram Cleyton dentro da viatura e levaram ao hospital local. Devido à gravidade do ferimento, a vítima foi transferida para Itabira, onde passou por cirurgia no abdômen. Segundo Queila não foi possível retirar a bala, mas o irmão teve que retirar parte do intestino grosso. Ela questiona que enquanto esteve no hospital, o militar autor do disparo não foi levado para lá para fazer exame toxicológico ou qualquer outro. Ela também questiona que no boletim de ocorrência da PM, o fato consta como lesão corporal. Queila também declarou que o irmão tem passagem por tráfico, mas que isso ocorreu no início de 2023 e que a reação do policial nesta festa não partiu de nenhuma provocação por parte do irmão. "Se fosse o contrário, será que iam registrar como lesão corporal? Ou como legítima defesa? Meu irmão poderia estar morto agora por causa disso. Ele não provocou ninguém, temos testemunhas para comprovar. O que quero é que meu irmão fique bem, saia dessa. E não vamos desistir da Justiça", disse ela.

Como já informado pela reportagem, apesar de ser detido em flagrante, a autoridade policial não manteve a prisão, soltando o militar que continua trabalhando na unidade local.

Boletim de Ocorrência

A reportagem teve acesso ao boletim de ocorrência, registrado como lesão corporal. Segundo duas testemunhas, o policial militar atirou em Cleyton sem motivo aparente. Ainda conforme consta no documento, um outro policial que estava com o militar autor do disparo relatou que tinha ido ao banheiro e não viu a confusão, tendo ouvido tiros e que acionou a guarnição. Os militares confirmaram que resgataram Cleyton, mas que o militar que atirou não estava no local. Assim, fizeram contanto com o amigo dele, que informou que estavam no Sagrada Família. Os policiais foram até lá, prenderam o militar e apreenderam sua arma.

Já o militar investigado contou outra versão. Ele disse que estava acompanhado de um amigo, também policial, e que viu Cleyton acompanhado de duas pessoas, e que os três eram conhecidos do meio policial. Que em dado momento eles começaram a apontar os dedos aos policiais. Ele disse ter percebido que o local era perigoso para os dois e se afastaram. Ainda segundo o militar, em outro momento, ele estava de costas para a rua quando Cleyton chegou próximo a ele em uma moto e fez a manobra conhecida como cavalinho de pau. O policial alega que Cleyton colocou a mão na cintura e mostrou estar armado. O militar conta que atirou em direção a moto e foi até o carro, acionar policiais que estavam de serviço. Contudo, segundo ele, teria sido cercado por Cleyton e seus colegas e um deles jogou uma lata de cerveja em suas costas, enquanto Cleyton teria tentado tirar a arma do policial, que atirou e atingiu o rapaz. Ele apresentou uma testemunha para corroborar esta versão. Por fim, ele destacou que tentaram agredi-lo por ser policial militar e já ter atuado em ocorrência envolvendo Cleyton.

Defesa

A família e os advogados contratados contestam a versão do policial. Segundo eles, o militar estava acompanhado de um amigo policial, que em nenhum momento relatou ter sido ameaçado ou se sentir ameaçado com a presença de alguém na festa. Ainda segundo a defesa, não foi encontrado nenhuma arma além da usada pelo militar, questionando assim a versão dada por ele de que Cleyton estaria armado. A defesa também destaca que em um vídeo, é possível ver que a cerveja foi atirada contra o policial após o disparo efetuado por ele.

Polícia Civil

A reportagem também procurou a Polícia Civil sobre o caso. O retorno dado é a ocorrência foi recebida pela 2ª Central Estadual do Plantão Digital, ocorrência essa atendida e registrada pela Polícia Militar. Ainda segundo a PCMG, o militar foi ouvido pela autoridade policial e liberado. A perícia oficial compareceu ao local, onde foram realizados os primeiros levantamentos. Por fim, a Polícia Civil esclarece que investigação prossegue visando à elucidação dos fatos.

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